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sábado, 20 de abril de 2019

Opinião - Demência de Célia Correia Loureiro





Já não me recordo ao certo em que canal do Booktube eu conheci este livro pois lembro-me da Silvéria, da Isa e da Dora falarem tão bem deste livro. Claro que fiquei com vontade de o ler, não ia querer deixar de ter uma leitura tão boa quanto estas meninas tiveram (sou uma invejosa, eu sei :) )

Eu li a edição anterior da editora Alfarroba mas como já não está disponível para venda, deixo a imagem da nova edição da Coolbooks que está muito bonita.

Quanto à história, temos uma narrativa cheia de personagens, maioritariamente vivem numa pequena aldeia do interior norte do país. Começamos por conhecer Olímpia, uma senhora nos inícios dos seus sessenta anos que começa a revelar sinais de demência. Chega ao conhecimento de Letícia o estado de saúde da sogra e aproveitando o facto de não terem mais onde ficar, Letícia vai com as duas filhas, Luz e Maria para a casa de Olímpia para a ajudar, afinal são a única família que lhe resta.
Mas Letícia carrega um passado de sofrimento e violência causado pelo marido Fernando e é incompreendida pela sogra e pela restante aldeia, onde não se sente bem-vinda mas sim ameaçada pelas atitudes das pessoas.

Vamos, ao longo do livro, ficando a conhecer aos poucos a história de Letícia, do marido Fernando, da sogra Olímpia e do amigo do casal e padrinho de Luz, Gabriel.

É um livro que retrata com pormenor a violência doméstica, a luta de Letícia pela sua sobrevivência e das filhas. Mas também a demência, o que me afectou e tocou particularmente pois a minha avó materna passou por isso e posso-vos dizer que é muito difícil assistir a alguém a definhar, porque é mesmo este o termo: definhar. Ir-se abaixo, cada vez mais até deixar de ser a pessoa que conhecemos.

Olímpia, num dos seus momentos lúcidos, escreve uma carta a Sebastião, amigo de infância e conta-lhe que está doente e pede-lhe que ajuda. Sebastião acede prontamente ao seu pedido e apoia Olímpia nesta fase da sua vida. É através de Sebastião que vamos conhecer a história de Olímpia e do filho Fernando. 

Confesso que não foi um livro que me prendeu logo nas primeiras páginas mas assim que me prendeu, não o queria largar. a E enchi-me de nervos e ansiedade na parte final da história até saber o que tinha acontecido. No final as peças encaixam e entendemos, depois de conhecer o passado das personagens, muitos dos seus comportamentos.

É um livro intenso e pesado pelos temas que aborda mas é também para isso que servem os livros, para nos dar a conhecer vidas diferentes das nossas e termos noção do que se passa na casa ao lado. 
Senti que era uma história real do mundo real, que podia muito bem ter acontecido as estas pessoas caso elas fossem reais...
No fundo é uma história sobre amor, sobre várias formas de amor.

Os meus parabéns à Célia Correia Loureiro por ter escrito este livro apenas com 20 anos! Bem haja!


Classificação: 5/5


SINOPSE
Numa pequena aldeia beirã, duas mulheres de gerações diferentes leem o seu destino nas mãos de um mesmo homem: Letícia foi vítima de um marido ciumento e manipulador, e Olímpia é a mãe extremosa desse agressor.

Mas quando Letícia regressa para assistir Olímpia, aos primeiros sinais de demência, os traumas que traz na bagagem ameaçam estilhaçar o silêncio conivente dos aldeões. Ainda que ostracizada, Letícia esforça-se por esquecer os tumultos do seu casamento, enquanto Olímpia pede ajuda ao amigo de infância, Sebastião, para reconstruir as próprias memórias e entender o que se passou com o seu único filho.

Demência traz-nos, através das vivências destas duas mulheres, a dura realidade de um Portugal rural e ainda tendencioso, e faz-nos repensar o significado de família e de comunidade, de inocência e de culpa.

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