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segunda-feira, 18 de maio de 2020

Opinião - Os Pássaros de Célia Correia Loureiro





Depois de ter lido e adorado o livro A Demência da mesma autora, fiquei muito curiosa com este novo livro.

Nesta história vamos conhecer Diogo e Manuel, um ex-casal que, seis anos após a sua separação escrevem, ambos, cartas ao seu filho. As suas cartas são nos apresentadas alternadamente. É através delas que, muito aos poucos, vamos sabendo o que se passou com este casal: o antes, o durante e o após do seu casamento. Os sentimentos de ambos relativamente ao mesmo episódio de vida, as suas angústias, os seus medos e a forma como suportam o sofrimento de forma diferente.

Não foi uma leitura que me prendeu desde cedo. Achei de início a linguagem um pouco rebuscada e senti-me um pouco perdida nas primeiras páginas pois as cartas vão saltando muito no tempo e não nos é dada uma referência temporal. Por isso senti que eram cartas soltas, sem um fio condutor entre elas. Mas à medida que ia lendo, foi fazendo cada vez mais sentido até que nos é revelado um facto muito importante na trama e aí tudo o que foi lido se encaixa.

Um livro duro de se ler, carregado de tristeza, infelicidade e sofrimento.

Classificação: 4/5



SINOPSE

Volvidos seis anos da separação, Diogo e Manuela refletem, em voz alternada, sobre os acontecimentos que levaram a esse desfecho. Ao ritmo a que a mágoa lhes permite recordar, vão revelando os contornos do seu trauma indizível num discurso intimista e confessional. É-lhes vital esquecer, superar. Mas será que ainda há vida depois de uma perda desta dimensão?


Um breve encontro de mãos. O corpo a ser-me cingido num abraço e depois largado. Os olhos envenenados de sonhos e o teu pai à distância, a repelir-me, a fugir-me por entre os dedos. Água a escapar-se-me da palma da mão. A boca dele era o Pacífico no seu ponto mais profundo, onde a Terra é um abismo de escuridão e de pressão indomável. Eu desejava-o, irracional e imoralmente, inconsciente do que era a ânsia física e do muito que me entorpecia cada movimento. Era jovem e crente. O tempo revolve-se como uma onda sobre esse desejo enterrado, que ainda pulsa. Lateja sete palmos abaixo da superfície. Somando todos os meus dias, vejo que tudo o que foi meu se agita sob pazadas de terra. Um império de pó.

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