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terça-feira, 8 de março de 2022

Opinião - As Costureiras de Auschwitz de Lucy Adlington

 






Um livro que resulta de uma investigação profunda e minuciosa da vida de várias costureiras que sobreviveram a Auschwitz por saberem costurar. Umas já sabiam, outras foi neste campo de concentração que aprenderam. Este livro foi também o resultado das conversas da autora com a última costureira sobrevivente, Bracha Kohút.
Estas mulheres, muitas apenas raparigas, que vamos conhecer são oriundas de vários países, em comum têm o facto de serem judias. E por isso foram deportadas para Auschwitz.

Com a subida ao poder do partido Nazi, cedo apareceram várias leis contra os judeus, desde a proibição de frequentarem espaços como escolas, lojas e até serem atendidos nos hospitais, até à proibição de trabalharem.
"A Noite de Cristal", ocorrida a 9 de novembro de 1938, na Alemanha, foi o culminar de um longo processo de perseguição aos judeus. Foi um assalto às lojas e às casas de judeus que ocorreu na Alemanha e também na Áustria planeado pelo partido nazi.
O resultado desta noite foi devastador: calcula-se que duas centenas de sinagogas tenham sido destruídas nessa noite e cerca de 7 mil lojas judaicas tenha sido destruídas, queimadas ou danificadas. A maioria das lojas que vendiam roupas e têxteis eram propriedade de judeus, pelo que, posteriormente a este acontecimento começou a haver escassez destes produtos porque mais os alemãs que não eram judeus, não sabiam da arte.
Seguiu-se uma feroz perseguição com prisão e deportação de milhares de judeus para os vários campos de concentração.


"Os judeus na Polónia sofreram níveis extraordinários de perseguição, por vezes de antissemitas da população local (...)"

"Quando os guetos foram criados, alguns polacos lamentaram o sofrimentos dos seus vizinhos judeus, enquanto outros depressa tomaram conta dos respetivos negócios."


Algumas destas costureiras já se conheciam antes de chegarem a Auschwitz mas a maioria criou fortes laços de amizade em Auschwitz. O atelier de costura criado pela mulher do comandante do campo, Hedwig Hoss, começou apenas com uma pessoa, chegando a albergar mais de 25 mulheres, que assim tinham a benesse de trabalhar longe do frio e do calor da rua, em segurança e com direito a uma alimentação reforçada. Um passaporte para a sua sobrevivência.

Tinham a hercúlea tarefa de, a partir de restos de uniformes dos prisioneiros, muitos ainda com sangue e buracos de balas, transformar em novas peças de roupa. Existia em Auschwitz um armazém chamado de "Kanada", onde eram guardados os bens que os prisioneiros traziam ingenuamente para o campo de concentração. Estas costureiras tinha acesso ao armazém para irem buscar roupa e tecidos para criarem as peças que lhes eram pedidas. O Kanada também guardava roupa e tecidos que tinham sido roubados das lojas que tinham sido propriedade dos judeus.
No atelier faziam-se roupas e uniformes para os agentes das SS do campo, as mais variadas peças para as suas mulheres e até roupa para as mulheres da elite nazi alemã.

É impossível ficar indiferente a estes relatos de horror ocorridos neste período negro da história europeia. Nunca é fácil ler e conhecer os pormenores da constante e agoniante tortura de tantas e tantas pessoas. Apesar de ser sempre uma leitura dura considero que é uma leitura necessária para aprender e ter contacto com a realidade. Lembrar para nunca esquecer é cada vez mais importante nos dias que correm.
Confesso que o timming desta leitura não foi o melhor porque coincidiu com o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, pelo que a vontade e concentração para ler sobre este tema não foi a desejada. Mas, tendo sido uma leitura conjunta organizada pela Sandra do blog Leituras Descomplicadas, ajudou neste aspeto pelo facto de podemos indo conversando e discutindo sobre o livro. A leitura acompanhada e partilhada é sempre mais rica!

Um livro a não perder para quem gosta de ler sobre esta parte da nossa história.

"Hunya foi salva pela amizade e pela lealdade - algo que os nazis nunca conseguiram erradicar, apesar de todos os abusos que praticavam."

Classificação: 4/5

Agradeço à editora o envio de um exemplar.




SINOPSE

A poderosa história das mulheres que usaram as suas técnicas de costura para sobreviver ao Holocausto, costurando roupas para a elite nazi, no salão de moda do campo de concentração de Auschwitz.
No auge do Holocausto, 25 jovens prisioneiras do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau desenharam, cortaram e coseram elegantes peças de vestuário para as mulheres da alta sociedade nazi. Um trabalho que, esperavam, as salvaria das câmaras de gás.

Este salão de moda, denominado Ateliê de Alta-Costura de Auschwitz, foi criado por Hedwig Höss, a mulher do comandante do campo e funcionava a poucos metros de distância do bloco de interrogatórios onde se torturavam prisioneiros. Das mãos destas 25 jovens saíram maravilhosas peças de roupa que fizeram brilhar as senhoras da elite nazi em Berlim.

Quando a historiadora Lucy Adlington se encontrou pela primeira vez com Bracha Kohút, a última costureira sobrevivente, sentiu a história ganhar vida e expõe a ganância, crueldade e hipocrisia.


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